Com sua licença doutora...
Pois não, entre! O que me diz moça?
Mais fácil seria o que não dizer...
Entendo... E é tão grave assim?
Estou aqui, em um consultório psiquiátrico não estou? Então... Achas que serias simples?
Desculpe... Foi erro meu...
Erros... Aqueles pequenos detalhezinhos que nos matam... Mas erros são bons sabe?! Erros são essenciais...
Hum...
Mas me digas doutora... O que achas da vida?
Eu, o que acho da vida?
Claro, existe mais alguém aqui a quem me refiro com esta pergunta? Caso seja sim a resposta, desculpe-me, não dei-lhe um 'boa tarde' à altura...
Seu sarcasmo me impressiona...
Mesmo? Fico grata... O sarcasmo me aprisiona, me inspira, me excita e me deixa extremamente apaixonada...
Pelo seu jeito de falar... Você já pensou em...
Escrever???
É, foi o recurso que me ficou e que me foi fiel desde os primórdios...
Tenho pena do meu computador, coitado, sempre tem de ficar escutando, mesmo sem querer, tudo que acontece ao meu redor...
Minhas dores, súplicas, saudades, alegrias, entre tantas outras coisas que nem mesmo eu lembro existir...
Neste momento como estou?
Não sei!
Descrente talvez!
Mudança de colégio, afastamento de amigos, colegas novos, vida nova, horário novo, amor novo...
Tinha de haver amor no meio não?
Preferiria não!
Estou cada vez mais desesperada... Quanto mais procuro, menos acho.
Quanto mais me iludo, mais me mato...
Talvez seja esse o problema... A procura...
De tanto procurar, não me deixo ser procurada... Estou sempre correndo contra o tempo para achar alguém que muitas vezes nem mesmo se encontra no mapa...
Sempre acho a mesma coisa: dor!
Se já me perguntei que não fui feita para amar?
Já! Inúmeras vezes! Por que nunca dá certo? Por que sempre acaba no começo? Por que sempre me entristeço?
Enfim...
Como eu queria estar? Quem eu queria ser?
Queria ser como fui antes, aquela doce menina que vivia em seu mundo repleto de magia, um mundo roxo, um mundo só dela...
O que me falta?
Falta-me a falta do nada... Falta-me o romantismo que eu haveria por muito tempo, mas que por dores, que esses meninos duramente me deram, me tiraram...
Um romantismo que já fora tão expresso em papéis e até mesmo aqui no computador...
Um romantismo de dar inveja...
Um romantismo de se sentir falta... Saudade... Aperto no coração ao lembrá-lo...
O que farei agora?
Seguirei em frente... Mostrarei àqueles que me perderam (que irônico, uns não sabem nem que me tiveram...) o quão precioso valor eles possuíam nas mãos...
Mostrarei agora, até para mim, do que sou capaz...
Estudarei?
Demais!
Viverei?
Louca e eternamente...
Escreverei?
Você verá como...
Amarei?
Não há como não amar...
Matarei?
Saudades talvez...
É fácil falar não achas...
Exato, difícil fazer... Mas é possível tentar...
Meu romantismo? Será a primeira coisa a tentar reconquistar...
Minha seriedade e calmaria ao espaço se lançarão...
Amigos hei de muito cultivar...
Amor hei de semear...
E a vida? aaah a vida...
Essa... Eu mesma hei de exaltar!!! Por fim... Desculpe meu ‘grosseirismo’ para com sua pessoa...
Adorei conversar com você... Isso se, podemos mesmo definir o que tivemos há pouco como conversa...
Foi como um alívio, um desabafo não?
Talvez sim, talvez não...
Agora desculpe, mas tenho de ir... Minha mãe, pessoa na qual grito aos quatro cantos o quanto amo, precisa entrar aqui no banheiro agora...
Enquanto tinha minha consulta particular em frente ao espelho, ela grita do lado de fora, atrasada ao trabalho e eu aqui com você estando a falar...
Agradeço enormemente sua ajuda... Caso precise, não se acanhe em chamar-me... Só peço para que não seja em um momento de estresse da minha mãe, sabe...
Ela pode ficar aborrecida, entendo...
Agora preciso mesmo ir...
Até mais...
Até logo...
Prometo na próxima voltar mais forte...
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